fevi's Reviews (834)

Da forma ao conteúdo, tudo me conquistou em O Mundo Desdobrável. A escrita de Carola Saavedra é impecável. É um livro que mistura ficção e não ficção, e a autora abusa dos gêneros literários. Faz excelentes e pertinentes reflexões sobre a sociedade, a arte, a cultura, a literatura e o mundo pós-pandemia. Com certeza, é uma das leituras mais prazerosas do ano. Um livro para quem ama literatura em sua essência. Recomendadíssimo.

São contos singelos e que de alguma forma nos encantam. A escrita é simples, mas as histórias de amor e carinho dão a complexidade necessária. 

Adrien, Étienne e Nina. Três. Uma amizade, mas vidas e destinos completamente diferentes. Em Três, acompanhamos o crescimento e o rumo que a vida de cada um segue.

Valérie Perrin constrói um grande romance de alta qualidade em Três. É um livro que fala sobre amizade, as dores de crescer e viver, os rumos que a vida nos entrega e que não esperamos ou nunca desejamos. Mas é preciso entender que a vida não é feita só de alegrias ou tristezas, mas de um conjunto de sentimentos. Vamos descobrindo aos poucos o que acontece com cada um do trio através dos olhos de Virginie, a narradora.

Perrin consegue construir um enredo que prende e que conversa com qualquer leitor. Faz com que quem leia consiga criar empatia pelos personagens. Ao conquistar o leitor com uma linguagem acessível, consegue trabalhar temas que vão desde o abandono de animais até relacionamentos tóxicos, luto e inúmeras outras formas de sofrimento.

A autora narra a vida, ou as vidas, de forma extraordinária. Nem tudo o que vivemos é o que desejamos e esperamos. Hoje somos e pensamos de um jeito. Amanhã? Completamente diferentes. Tudo evolui e regride, ou deixa de existir. Não é simples viver, ser. As nossas escolhas fazem com que o mundo se modifique a todo instante.

Entrei no bonde do hype e fui conquistado por tudo: pela narrativa, pela escrita e pelo desfecho. Não tem como passar ileso por essa história. Fica a recomendação para a leitura e para todas as reflexões que Três nos proporciona, inclusive sobre os segredos que guardamos e que mudam o rumo do que vivemos.

O traço é interessante, as cores são bonitas e o assunto é pertinente. No entanto, a autora da HQ não aprofunda no tema que propõe, não reflete. Acredito que discutir e refletir de forma mais incisiva mostrando dados e outras informações sobre como a sociedade insiste em interferir no corpo feminino traria excelentes reflexões e apontamentos.  Ainda sim conseguimos refletir com o que a autora propõe, mas ficamos longe de algo interessante. 

Eu termino o terceiro livro da trilogia Os gêmeos sem saber qual é a verdade, quantas mentiras foram contadas, o que é real. Com certeza essa foi a intenção da autora. Ela jogou a bomba e resta ao leitor se recuperar. 

Achei a trilogia interessante, mas certamente não é uma leitura para agradar a grande maioria. Quem busca apenas respostas vai sair de mãos vazia e puto. 

Só vai entender que o trem é uma boa ideia. 

No segundo volume da trilogia Os gêmeos, Ágora Kristof traz um texto que vai ficando mais complexo com a passagem do tempo. Para além disso, há um aprofundamento nos personagens secundários que relacionam com o gêmeo Lucas que não parte para o estrangeiro. 

Assim como o texto as relações se tornam mais complexas e mais amadurecidas. Acompanhamos apenas o Lucas e seus inúmeros relacionamentos com personagens da pequena cidade K. E nos questionamos o tempo todo se há ou não outro irmão. 

Esse livro não é nada exuberante ou rebuscado, mas instiga o leitor. Há uma ambientação em uma sociedade vivendo sobre o regime comunista e a autora traz todos os revezes do período. O enigma perpetua o livro todo desde o enredo e as personagens. Acredito que este seja o diferencial de toda a obra. 

A primeira palavra que vem à cabeça para definir o primeiro volume da trilogia Os gêmeos é: bizarro. É um que livro que não fornece muito detalhes, mas é cheio de acontecimentos. Há muitos tabus e poucos questionamentos. Nada de explicações. A vida segue o seu destino durante a guerra. 

O texto de Ágota Kristof não abre espaço para reflexão. O estranho capta toda a atenção. Os capítulos curtos de frases diretas trazem uma rapidez inesperada no meio do absurdo. Você se questiona: tudo isso é real? 

Onde isso vai parar? Não sei, mas fica a recomendação. 

Imagina morrer e ninguém sentir a sua falta? Nem sinal de asas é uma história de terror. É triste, solitário é um punhado de sofrimento. Não como passar ileso pela história de vida de Anja. Não há delicadeza nas palavras de Dantés que amenize o horror da vida. É lindo, mas assustador. Fica a recomendação.

O meu primeiro contato com Graciliano Ramos foi morno. A história da família de Fabiano não me conquistou. Nem mesmo a cachorra Baleia me conquistou. Acredito que o maior motivo do primeiro contato que deixou a desejar foi a linguagem escolhida por Ramos. Ela não cativou. Não é um livro ruim, mas não me agradou mesmo melhorando com o passar dos capítulos curtos e com um final interessante. Apesar de tudo não dispenso uma possível releitura que transforme a minha opinião. 

Daniel Gruber, para mim, estava com o queijo e a faca na mão. No entanto, a faca escorregou. Gosto muito de como ele trabalha o insólito para trabalhar o período de inquisição no Brasil em 1600. 

O livro é bem escrito, mas o autor peca um pouco no enredo e narrativa. Há personagens que não são bem desenvolvidos. A forma como o autor escolheu para narrar os capítulos me trouxe a sensação de desenvolvimento precário. O livro precisava de substância. No entanto, apesar disso tudo a história é cativante. Não há como passar despercebido. É uma leitura que entretém.