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fevi 's review for:

As Vinhas da Ira by John Steinbeck
3.75

 Uma família pobre atravessa o país para conseguir mudar de vida depois que a terra em plantavam parou de produzir. O banco tomou tudo e eles ficaram sem nada. Assim decidem ir para a Califórnia para conseguir a tão sonhada mudança de vida depois que folhetos prometiam empregos.

Eu consigo até compreender porque a obra de John Steinbeck é importante e premiada. As vinhas da ira é um registro social incrível de um período marcante da história dos Estados Unidos. Além do registro histórico importantíssimo, o livro é extremamente político e crítico a toda situação da migração e forma como os americanos eram tratados.

O livro desde o início constrói uma crítica ferrenha ao capitalismo. A forma como bancos e grande produtores tratam os trabalhadores e os pequenos produtores é extremamente cruel. Ao longo do livro o autor mostra como eles agem desapropriando terras, desvalorizando o trabalho e pagando pouco dinheiro para aqueles que conseguiam um trabalho nas colheitas de algodão ou frutas. Em paralelo, mostrava também a perseguição aos "inimigos vermelhos". Claramente uma alusão ao comunismo. Ele usa dos personagens para exemplificar como funcionaria o comunismo, as greves e as organizações de sindicato. O quanto é preciso que os trabalhadores se juntassem para mudar a situação que viviam. A parte que narra o acampamento do governo demonstra bem isso.

Além disso há também discussão da violência política sobre os pobres. Em sua grande maioria causada pelo desejo de grandes empresários, mas também pela xenofobia. Os estadunidenses californianos mostravam todo o seu ódio aos migrantes do centro-oeste do país. Estavam alheios aos sofrimentos dos esfomeados e os queriam longe dali o mais rápido possível. Se ficassem, seriam maltratados. A fome e o descaso andavam ao lado da xenofobia.

Destaco também a importância do personagem mãe da história. É quem serve de base para tudo não desmorone antes. É a força primordial. Fazendo com que a religião, como é nesses casos, tenha menos importância e até seja desafiada. Essa parte fica por conta do ex-pregador Casy. Que larga a religião por acreditar não entender mais aquilo e acreditar que não tem mais a capacidade de fazer pregações. A transformação dele no final mostra qual tipo de coletividade faz diferença significativa na vida das pessoas.

Como já disse consigo enxergar a grandiosidade da obra, mas infelizmente ela desligou em alguns quesitos para mim. Não teve recorte de raça. Isso, com certeza, engrandeceria a obra. Fazer um paralelo entre os pobres brancos e negros mostraria um outro nível de crítica. No entanto, não sei se o autor se importava com isso. Se os brancos sofreram tanto, imagino como foi para os negros tal vivência.

Outro parte totalmente desnecessária foram os capítulos que intercalavam a história que mostrava a jornada da família Joad. São textos que mostravam um panorama geral que acontecia naquela época sem personagens definidos e também serviam como uma preparação para o que viria acontecer no capítulo seguinte com os personagens identificados. Sinceramente, foi uma encheção de linguiça de forma exagerada. A forma como ele construiu todas as críticas na parte da jornada da família Joad já seria o suficiente. Por isso a leitura é tão exaustiva e repetitiva. O fator apego aos personagens também me pegou. Não os curti muito a não ser em momentos específicos. O final também me desapontou.

Enfim, é um livro importante pelo fator histórico mas tem problemas significativos na sua construção. Na minha opinião, é claro.